Minha turma ficou encarregada de auxiliar um asilo, deveríamos ajudar em diversas coisas, desde ajudar a dar banho em alguns velhinhos ate limpar os banheiros. Para a minha sorte, eu fiquei com o trabalho mais fácil, o de ficar fazendo companhia para distrair os velhinhos, eu apenas precisava ouvir as mais variadas historias de “quando eu era mais jovem” que eles contavam, jogar damas e contar piadas, a minha parte eu tirei de letra, mas os meus colegas estavam tendo dificuldades em realizar as tarefas, por exemplo o Juvenal e o Orlando que ficaram encarregados de limpar o banheiro.
O almoço daquele dia iria ser especial, macarronada e costela assada, os tiozinhos estavam ansiosos para poder almoçar. Havia uma senhora procurando alguma coisa fazia algum tempo, a coitada estava doida procurando a dentadura dela, se por algum acaso ela não achasse a dentadura, a mesma iria ficar sem poder comer aquele almoço especial, como ela não conseguiu achar ela pediu ajuda de outros velhinhos, e depois ela pediu a ajuda aos voluntários daquele dia (que no casa seria eu a minha turma).
Então se formou um pequeno mutirão em busca da dentadura, estavam todos empenhados em ajudar a senhora, não só pelo motivo de ajudar ela, mas também para calar a veia que não parava de choramingar:
- Logo hoje que tem gostosuras para comer, foi sumir a minha dentadura, mas que “carambolas”, pego o maledeto que fez isso comigo. Logo hoje que a comida vai ser gostosa, to cansada de come arrois, fejão e bife!!!!(dizia a velhinha).
Depois que ela se cansou de reclamar, ela começou dar ordens de busca para todo mundo, como uma patroa, ela dava ordens e mais ordens, por acaso ordens bem ofensivas : “procura em baixo da cama, seu jarucu!!!”, “olha nos cantos do sofá da sala, seu cara de galinha de natal (acho que ela queria dizer chester ou peru, mas isso só ela sabe)”, “vai ver no quintal, seu preguiçoso”. Depois de uma hora de busca, nada de aparecer a dentadura da veia, ela já estava entrando em desespero, com a idéia de não poder almoçar naquele dia. Nisso um senhor muito do encabulado, me puxou para um canto e me disse:
- Olha isso que eu vou te contar fica somente entre nos dois, pode ser?(disse o senhor encabulado)
- Minha boca é um tumulo, pode falar.
- Bem, é que eu achei essa dentadura perdida numa gaveta, e eu pensei que ninguém estivesse a usar ela, e como a minha esta muito gasta e anda me incomodando o canto da boca, eu testei essa para ver se me assentava melhor na boca que a minha antiga, para minha surpresa ela coube direitinho, então eu to usando ela. Mas acho que essa dentadura é daquela senhora, intao toma ela e devolve para ela. Peguei a dentadura, que ainda estava meio úmida (eca!!!) e fui devolver a dentadura para a velhinha desesperada e mandona. Quando eu me aproximei dela eu disse: “ dona Creide achei sua dentadura”, então ela abri um sorriso de orelha a orelha e perguntou onde eu tinha encontrado ela, então eu olhei bem para a cara dela e disse: “- ela esta na sua boca!!!”, isso mesmo quando ela sorriu eu vi a dentadura na boca dela, ela colocou o dedo na boca, catucou catucou catucou, e disse “-É verdade ela tava aqui o tempo todo”. Então tudo se acalmou, daí eu chamei o senhor envergonhado para um canto, e devolvi a dentadura para ele, o mesmo ficou feliz da vida e saltitante foi almoçar com a dentadura nova.