Eu e o Carlos fomos passar o feriado de carnaval numa cidadezinha quase que isolada de todo o mundo, queríamos esquecer dos problemas do dia-a-dia, mas na verdade nos só conseguimos arranjar mais problemas. Começou quando chegamos na cidade e decidimos descer do carro para comprar água, dai fomos ate uma venda compramos uma garrafa de água, e quando estávamos voltando para o carro dois caipiras nos abordaram:
- Isso é um “arssalto”! passa o dinheiro de “voceis”...
- E vocês pensão que vão conseguir nos assaltar sozinhos?(disse o Carlos)
- Não a Lurdinha e a Craudinha vão nos ajudar!!!
Daí eles colocaram as mãos para trás, pegaram alguma coisa e depois mostraram a Lurdinha e a Craudinha (duas 38 de cano longo) para nós dois, vendo que não iria ter outra maneira, demos o nosso dinheiro para os dois que saíram correndo pelas ruas daquela cidadezinha.
- (eu) como a gente vai voltar para casa agora sem dinheiro?
- (Carlos) não se preocupe eu trouxe dinheiro reserva!!!
- (eu) e aonde ele esta?
- (Carlos) na minha cueca!!!
- (eu) você trouxe dinheiro na cueca?????
- (Carlos) claro!!! Aprendi isso com o meu avô, ele sempre me disse: “ – quando você for fazer uma viagem longa sempre leve dinheiro escondido, suficiente para voltar para voltar para casa, se algo de errado, homem prevenindo é aquele que leva dinheiro na cueca!!!”
Sinceramente eu achei aquilo meio nojento (mas dei graças a Deus que ele tinha dinheiro na cueca, se não fosse isso nos não teríamos como voltar para casa), depois pedimos para uma senhora que passava na rua se ela sabia onde tinha uma delegacia e ela nos explicou o seguinte: “vai em frente na primeira rua você vira a esquerrrrda, vai em frente duas quadras e vira as direitas segue em frente ate dar de cara com a praça da igreja, a policia fica bem do lado dessa praça”, agradecemos a senhora e fomos dar queixa na policia, chegando lá demos de cara com delegado que parecia uma foca cor de rosa (ele era bem gordão, rosado, estava todo suado e fedia suvaco), daí explicamos o que havia acontecido e ele nos respondeu assim: “- duas coisas 1° mesmos que a nós encontre os dois, o seu dinheiro já deve ter sido gasto pelos dois meliantes em “tochico” 2° com os poucos recursos que temos vai ser quase “imporssivel” encontrar o meliantes”. Ficamos bem desanimados com a resposta do delegado “foca”, daí resolvi por acaso ir ate a janela, para tomar um ar, enquanto o Carlos terminava o boletim de ocorrência, fiquei olhando o movimento ate que, para meu espanto, eu reparei em dois rapazes que estavam andando de bicicleta.
- foram aqueles dois que nos assaltaram (berrei eu)!!!!
Daí o Carlos e do delegado vieram ate a janela, o Carlos reconheceu os dois e disse para o delegado “- foram eles mesmos”, o delegado olhou para os dois e voltou para a cadeira que ele estava sentado.
- (eu) você não vai prender os dois????
- (delegado) NÃO!!!!
- (Carlos) porque não? Se foram eles que nos assaltaram!!!!
- (delegado) eu duvido que eles assaltaram vocês!!!
- (eu) porque você esta duvidando?
- (delegado) porque eles são os coroinhas da igreja!!!
- (eu) [sem querer eu gritei] MAS O QUE, O CU TEM HAVER COM AS CALÇAS????
- (delegado) [que deu um berro maior que o meu] OOOOOQUEEEE?????
- (Carlos) porque o senhor acha que só porque eles são coroinhas eles não são ladrões?
- (delegado) vocês acham que o padre deixaria eles serem coroinhas se eles fossem ladrões??????? Claro que não!!!! Agora saiam daqui antes que eu mande vocês presos por desacato a autoridade!!!
Expulsos da delegacia, começamos a pensar em um lugar que iríamos passar a noite, para o nosso azar só havia um lugar, uma pousada ( nos sabíamos disso por que tinhamos reservado dois quartos para passarmos o feriado ), mas nessa pousada você tem que pagar adiantado, e a gente tava sem dinheiro no momento para adiantar o pagamento, foi quando eu tive um idéia. Peguei o cartão que tinha o telefone da pousada e fui ate um orelhão e liguei para lá e o gerente me atendeu:
- (gerente) alô, pousada Boa Vista, no que posso atende-lo...
- (eu) queria saber se vocês tem dois quartos disponíveis para hoje?
- (gerente) sim, o senhor quer que eu já reserve seus quartos?
- (eu) sim mas antes eu queria uma informação. Eu represento um empresário árabe que quer passar uma semana em sua cidade, mas como o senhor deve saber, os costumes árabes são bem diferentes dos nossos, por isso preciso de um quarto virado para o norte, que as roupas de cama e as toalhas sejam brancas, que a comida não contenha óleo normal apenas azeite de oliva, ele também precisa ficar das 4 as 5 da tarde em seu quarto sem que ninguém o incomode e também preciso avisa-lo que os costumes dele só o permitem efetuar algum tipo de pagamento apenas após o termino da estadia...
- (gerente) bemm!!! Ummm!!! Oia eu tenho o costume de pedir o pagamento da estadia adiantado, mas no seu caso eu vo abrir uma exceção.
- (eu) eu agradeço, daqui um tempo nos estaremos ai!!!
- (gerente) só uma pergunta! Como vocês acharam a minha pousada???
- (eu) [cacete de veio capial desconfiado] bem estávamos de passagem por essa cidade e o senhor Badi resolveu passar um tempo nessa cidade que chamou muito a sua atenção.
- (gerente) mas por que essa cidade chamou a atenção dele? Não tem nada aqui!!!
- (eu) é que ele pretende montar um grande empreendimento nessa região e decidiu passar um tempo nessa cidade para conhecer o povo e ver se vale a penha montar seu empreendimento nessa cidade!!!
Daí o veio desconfiado parou de fazer pergunta e desligou o telefone, daí veio o Carlos com um monte de perguntas:
- (Carlos) seu loco!!! Onde você vai arranjar um árabe nesse fim de mundo?????
- (eu) to olhando para ele!!!!
- (Carlos) como assim, eu não tenho cara de árabe não!!! Porra!!!
- (eu) você não pode ter cara de árabe, mas você se lembra da fantasia de carnaval, que você trouxe acaso tivesse alguma festa????
- (Carlos) lembro sim, é uma fantasia de árabe, e daí???
- (eu) você vai colocar a fantasia e vai se fingir de árabe e eu vou ser seu tradutor!!!
- (Carlos) você é loco mesmo, vou te falar três coisas, primeiro minha fantasia é muito fajuta, segundo eu só tenho uma e terceiro eu não sei falar árabe!!!
- (eu) primeiro o povo daqui nunca viu um árabe na vida deles, garanto que sua fantasia vagabunda vai engana-los bem, segundo a gente inventa que você quer se misturar ao povo e por isso você vai usar roupas normais e terceiro você não precisa saber falar árabe, apenas de um embromeichom básico.
- (Carlos) ultima pergunta: como a gente vai pagar ele depois????
- (eu) deixa isso comigo...
Daí fomos ate a pousada depois de um tempo, com a maior cara-de-pau do mundo, o Carlos estava de árabe (com aquela fantasia muito tosca) e eu de tradutor (eu também tive que me disfarçar, peguei minhas melhores roupas e as coloquei). Para nossa surpresa, ao chegamos na pousada gerente da pousada e o dono nos receberam como reis, só faltou colocar um tapete vermelho para que pudéssemos passar. Daí eu disse para ele:
- (eu) o senhor Bali quer ir logo aos seus aposentos, para que ele possa trocar de roupas e descansar da viagem!!!
Daí ele mandou um dos funcionários dele nos levamos ate o quarto, daí trocamos de roupa e vestimos umas roupas mais confortáveis e fomos dar uma volta pela cidade.
- (Carlos) João para que você quer dar uma volta na cidade???? Se alguém nos descobrir nos vamos estar ferrados nas mãos do dono do hotel!!!
- (eu) calma!!! Agora vamos procurar aqueles dois coroinhas que nos assaltaram e pegar nosso dinheiro de volta!!! Se surgirem outros problemas, a gente da um jeito.
- (Carlos) e você sabe onde encontra-los?
- (eu) não, mas conssertesa não vai ser difícil, se eles não estiverem dando sopa pela cidade, concerteza eles uma hora ou outra eles vão ter que aparecer na igreja.
Mas não deu outra, depois da caminhada encontramos os dois coroinhas de araque andando de bicicleta, daí eu e Carlos seguimos eles pela cidade toda, sem perder eles de vista por nenhum momento, daí foram quase duas horas andando escondido atrás dos dois. Depois de quase andar pela cidade toda eles foram para um cemitério que ficava atrás da igreja “o que será que os dois coroinhas de araque vão fazer no cemitério???(eu me perguntava)”, no cemitério eles foram ate um tumulo abandonado, eles o abriram e colocaram algumas coisas dentro e foram embora. Como eu e Carlos éramos (e ainda somos) muito curiosos fomos ate o tumulo e o abrimos, dentro do tumulo tinha um caixão aberto com uns ossos de uma mulher (ela se chamava Cleonilde, pelo menos era o que estava escrito na lapide), em cima dos ossos tinha uma caixa relativamente grande, a pegamos e abrimos para ver o que havia dentro, para nossa surpresa a caixa estava abarrotada de dinheiro e também tinha as duas 38 que eles usaram para nos assaltar...
- (eu) rapas, agente ta podre de rico!!!!
- (Carlos) como podre de rico?
- (eu) ué!!! Vamos pegar todo o dinheiro dos dois e vamos embora!!!!
- (Carlos) e deixar a vergonha que eles nos fizeram passar de graça???? Deixar os dois continuarem assaltando??? Não nos vamos dar uma revanche neles, eu quero vingança!!!
- (eu) como?
- (Carlos) olha, eu to morrendo de fome! Vamos devolver essa caixa no tumulo de volta, afinal eu acho que eles não vão tirar ela daí tão cedo, daí nos voltamos para pousada para comer e descansar e amanha, eu te conto oque eu tenho planejado em minha cabeça!!!
Voltamos para a pousada onde fomos recebidos a pão-de-ló (engraçado se fossemos dois pobres conssertesa não seriamos tratados dessa maneira), o gerente me perguntou por que o Bali não estava vestido com uma bata como aquela que ele tinha chegado e eu respondi que ele queria se misturar o melhor possível com as pessoas da cidade, para que ele possa avaliar melhor as condições de investir nessa cidade (o pior de tudo, foi que eles caíram nessa conversa).
Jantamos muito bem e fomos dormir, no outro acordamos bem cedo e íamos saindo quando o gerente nos abortou:
- (gerente) bom dia seu Bali, como passou a noite?
Daí eu fingi traduzir (na verdade soltei um embromeichom básico) e o Carlos respondeu:
- (Carlos) “rabidudai maconvequis budai balaqui tuveque notere sefere!!!!!”
- (gerente) hã???? O que ele disse????
- (eu) ele disse que dormiu muito bem, obrigado!!!
Por sorte o gerente engoliu e nos deixou ir atrás de uns certos coroinhas. Fui seguindo o Carlos (afinal eu não sabia o que ele tava planejando), primeira parada foi numa loja de armas( ate hoje eu me pergunto: “para que uma loja de armas num lugar remoto daqueles??????????” Talvez sirva para os coroinhas se armarem para assaltarem as pessoas!!! Quem sabe neh?), onde ele comprou balas de festim, depois ele foi ate uma loja que tinha todo o tipo de bagulho que você possa imaginar, desde brinquedo ate roupas e panelas, nessa loja ele comprou maquiagem de palhaço, tinta guache e luvas. Daí ele foi direto para o cemitério e explicou o plano para mim:
- (Carlos) seguinte nos vamos substituir as balas do 38 por essas de festim, depois nos vamos tirar os ossos daí de dentro e vamos jogar em alguma parte escondida desse cemitério, daí a gente vai deixar a caixa e os revolveres dentro do tumulo, daí você vai colocar a roupa daquela defunta e vai dar um susto naqueles coroinhas!!!!
- (eu) o que??? Eu????? Colocar a roupa dessa mulher que ta a anos morta e se decomponto!!!!! A roupa deve estar fedendo!!!! Isso é algo muito nojento!!!! E se eu pegar uma doença??? Porque você não coloca a roupa e assusta os dois????
- (Carlos) primeiro você é melhor ator, segundo fui eu que tive a idéia!!!!
Vendo que não iria ter acordo aceitei a idéia e ajudei ele a pegar os “coroinhas do capetata”, a primeira coisa que fizemos foi tirar a caixa de dinheiro e as duas armas de dentro do tumulo, depois pegamos a Lurdinha e a Craudinha e subistituimos as balas verdadeira delas por balas de festim (para quem não sabe balas de festim são balas falsas que só fazem barulho), depois pegamos os ossos da mulher e os jogamos atrás do cemitério, depois o Carlos pegou o vestido que ela estava usando e veio ate mim e o colocou em mim, passou um monte de maquiagem na minha cara, passou guache nos meus braços, e pegou um monte de mato seco e marrou em meus braços, pernas e na cabeça, na verdade eu não parecia um fantasma e sim com um espantalho que tinha acabado de sair de secadora de roupa, mas como o Carlos mesmo disse “ na hora do aperto ninguém repara em detalhes” e como “ gente do norte é muito supersticiosa” e também que “na hora do medo o homem sempre fica burro”, eu e Carlos ate acreditávamos que aquilo iria dar certo (afinal se não fosse a gente, quem iria acreditar que uma porcaria de uma armação mal montada dessas, iria dar certo???) depois de tudo pronto pegamos a caixa e as duas armas e devolvemos para os lugares delas. E ficamos esperando os dois, dai veio a noite e nada dos garçonszinhos-de-padre (como minha avo costumava chamar os coroinhas) aparecerem, quando deu onze e meia os dois apareceram. Continuamos escondidos de trás de um dos túmulos esperando a hora certa de aparecer, daí os dois falsos coroinhas atravessaram o cemitério para chegar ate o tumulo que eles usavam como depósitos, daí eles abriram o tumulo da Cleonilde e perceberam que os ossos dela não estavam mais lá:
- ueh!!!! Cadê os ossos da veia?????
- Não sei! Acho que alguém tirou eles daqui!!!
- Mas se alguém mexeu aqui, como ele não levou o nosso dinheiro e as nossas armas???
Ambos ficaram meio assustados e logo pegaram a Lurdinha e a Craudinha e as enfiaram no cinto da calça deles, daí o Carlos olhou para mim e disse “VAI!!”, entendido o recado eu sai de trás do muro e fui ate os dois coroinhas. Quando os dois me viram eles ficaram brancos e começaram a tremer, mas mais assustados ainda eles ficaram depois que eu disse: “ sou a Cleonilde e vim mandar vocês dois pararem de me incomodar”, daí eles começaram a dar uns passos para trás de vagar, percebi que eles estavam se cagando de medo e continuei a falar: “seus coroinhas de araque, vocês acham que Deus não vê ambos se fazendo de santos na igreja e depois que a missa acaba, ambos saem para fazer safadezas???? Escute minhas palavras, o capeta já reservou duas vagas no inferno para vocês dois, e foi ele mesmo o CAPETA que me mandou aqui para buscar vocês dois para ocupar os seus lugares nos quintos dos infernos!!!”. Na hora os dois se cagaram de medo, ambos tremiam mais que bambu na ventania, mas como ultimo gesto de coragem um deles tirou a arma da cintura e deu dois tiros e nada aconteceu, daí eu disse: “vocês acham que tal armas inúteis vão me fazer algum arranhão??? Claro que não!!!! Vocês podem descarregar todas as suas balas em cima da mim que nada vai acontecer comigo”, no mesmo momento os dois começaram a disparar suas armas loucamente, um tiro após o outro e depois que as balas deles acabaram eu ergui os braços e disse “viu nenhum arranhão, hahahahaahahaaa”(apesar de não parecer eu estava com mais medo que os dois, vai saber se o Carlos trocou todas as balas mesmo, vai que ele esqueceu de uma). Os dois medrosos depois de ver que os tiros não tinham me arranhado, largaram as armas e saíram correndo em disparada pelo cemitério, daí eu e Carlos pegamos as armas e as jogamos num rio que ficava ali perto e o dinheiro, bem pegamos para nos.
Chegamos no hotel já era passado de duas da manha, o gerente nos recebeu atordoado:
- onde vocês estavam? Todos aqui estavam muito preocupados!!!!
Daí eu fingi fazer uma tradução para o Carlos e ele respondeu:
- (Carlos)arabaquixi alamuni zarafi Ala rodesfi isprit!!!!
- (gerente) oque ele disse?
- (eu) ele disse que estava rezando para Ala sob a luz da lua!!!
- (gerente) ah sim!!! Esse povo tem um costume muito diferente, não eh?
- (eu) você não sabe quanto!!!
Depois de dar explicação ao gerente, fomos direto para o quarto para contar o dinheiro, por incrível que pareça naquela caixa tinha quase 87mil reais, daí dividimos ao meio o dinheiro e decidimos gastar um pouco naquele hotel para que o gerente e o dono não duvidasse daquela historia nossa. Para falar a verdade nunca passei férias tão boas, comi de tudo e do melhor e fui servido como um rei, mas acabei gastando quase 8 mil reais só de minha parte, mas valeu a pena, afinal quantas pessoas podem dizer que saíram de férias e voltaram com mais dinheiro do que eles haviam guardado para viajar????
- Isso é um “arssalto”! passa o dinheiro de “voceis”...
- E vocês pensão que vão conseguir nos assaltar sozinhos?(disse o Carlos)
- Não a Lurdinha e a Craudinha vão nos ajudar!!!
Daí eles colocaram as mãos para trás, pegaram alguma coisa e depois mostraram a Lurdinha e a Craudinha (duas 38 de cano longo) para nós dois, vendo que não iria ter outra maneira, demos o nosso dinheiro para os dois que saíram correndo pelas ruas daquela cidadezinha.
- (eu) como a gente vai voltar para casa agora sem dinheiro?
- (Carlos) não se preocupe eu trouxe dinheiro reserva!!!
- (eu) e aonde ele esta?
- (Carlos) na minha cueca!!!
- (eu) você trouxe dinheiro na cueca?????
- (Carlos) claro!!! Aprendi isso com o meu avô, ele sempre me disse: “ – quando você for fazer uma viagem longa sempre leve dinheiro escondido, suficiente para voltar para voltar para casa, se algo de errado, homem prevenindo é aquele que leva dinheiro na cueca!!!”
Sinceramente eu achei aquilo meio nojento (mas dei graças a Deus que ele tinha dinheiro na cueca, se não fosse isso nos não teríamos como voltar para casa), depois pedimos para uma senhora que passava na rua se ela sabia onde tinha uma delegacia e ela nos explicou o seguinte: “vai em frente na primeira rua você vira a esquerrrrda, vai em frente duas quadras e vira as direitas segue em frente ate dar de cara com a praça da igreja, a policia fica bem do lado dessa praça”, agradecemos a senhora e fomos dar queixa na policia, chegando lá demos de cara com delegado que parecia uma foca cor de rosa (ele era bem gordão, rosado, estava todo suado e fedia suvaco), daí explicamos o que havia acontecido e ele nos respondeu assim: “- duas coisas 1° mesmos que a nós encontre os dois, o seu dinheiro já deve ter sido gasto pelos dois meliantes em “tochico” 2° com os poucos recursos que temos vai ser quase “imporssivel” encontrar o meliantes”. Ficamos bem desanimados com a resposta do delegado “foca”, daí resolvi por acaso ir ate a janela, para tomar um ar, enquanto o Carlos terminava o boletim de ocorrência, fiquei olhando o movimento ate que, para meu espanto, eu reparei em dois rapazes que estavam andando de bicicleta.
- foram aqueles dois que nos assaltaram (berrei eu)!!!!
Daí o Carlos e do delegado vieram ate a janela, o Carlos reconheceu os dois e disse para o delegado “- foram eles mesmos”, o delegado olhou para os dois e voltou para a cadeira que ele estava sentado.
- (eu) você não vai prender os dois????
- (delegado) NÃO!!!!
- (Carlos) porque não? Se foram eles que nos assaltaram!!!!
- (delegado) eu duvido que eles assaltaram vocês!!!
- (eu) porque você esta duvidando?
- (delegado) porque eles são os coroinhas da igreja!!!
- (eu) [sem querer eu gritei] MAS O QUE, O CU TEM HAVER COM AS CALÇAS????
- (delegado) [que deu um berro maior que o meu] OOOOOQUEEEE?????
- (Carlos) porque o senhor acha que só porque eles são coroinhas eles não são ladrões?
- (delegado) vocês acham que o padre deixaria eles serem coroinhas se eles fossem ladrões??????? Claro que não!!!! Agora saiam daqui antes que eu mande vocês presos por desacato a autoridade!!!
Expulsos da delegacia, começamos a pensar em um lugar que iríamos passar a noite, para o nosso azar só havia um lugar, uma pousada ( nos sabíamos disso por que tinhamos reservado dois quartos para passarmos o feriado ), mas nessa pousada você tem que pagar adiantado, e a gente tava sem dinheiro no momento para adiantar o pagamento, foi quando eu tive um idéia. Peguei o cartão que tinha o telefone da pousada e fui ate um orelhão e liguei para lá e o gerente me atendeu:
- (gerente) alô, pousada Boa Vista, no que posso atende-lo...
- (eu) queria saber se vocês tem dois quartos disponíveis para hoje?
- (gerente) sim, o senhor quer que eu já reserve seus quartos?
- (eu) sim mas antes eu queria uma informação. Eu represento um empresário árabe que quer passar uma semana em sua cidade, mas como o senhor deve saber, os costumes árabes são bem diferentes dos nossos, por isso preciso de um quarto virado para o norte, que as roupas de cama e as toalhas sejam brancas, que a comida não contenha óleo normal apenas azeite de oliva, ele também precisa ficar das 4 as 5 da tarde em seu quarto sem que ninguém o incomode e também preciso avisa-lo que os costumes dele só o permitem efetuar algum tipo de pagamento apenas após o termino da estadia...
- (gerente) bemm!!! Ummm!!! Oia eu tenho o costume de pedir o pagamento da estadia adiantado, mas no seu caso eu vo abrir uma exceção.
- (eu) eu agradeço, daqui um tempo nos estaremos ai!!!
- (gerente) só uma pergunta! Como vocês acharam a minha pousada???
- (eu) [cacete de veio capial desconfiado] bem estávamos de passagem por essa cidade e o senhor Badi resolveu passar um tempo nessa cidade que chamou muito a sua atenção.
- (gerente) mas por que essa cidade chamou a atenção dele? Não tem nada aqui!!!
- (eu) é que ele pretende montar um grande empreendimento nessa região e decidiu passar um tempo nessa cidade para conhecer o povo e ver se vale a penha montar seu empreendimento nessa cidade!!!
Daí o veio desconfiado parou de fazer pergunta e desligou o telefone, daí veio o Carlos com um monte de perguntas:
- (Carlos) seu loco!!! Onde você vai arranjar um árabe nesse fim de mundo?????
- (eu) to olhando para ele!!!!
- (Carlos) como assim, eu não tenho cara de árabe não!!! Porra!!!
- (eu) você não pode ter cara de árabe, mas você se lembra da fantasia de carnaval, que você trouxe acaso tivesse alguma festa????
- (Carlos) lembro sim, é uma fantasia de árabe, e daí???
- (eu) você vai colocar a fantasia e vai se fingir de árabe e eu vou ser seu tradutor!!!
- (Carlos) você é loco mesmo, vou te falar três coisas, primeiro minha fantasia é muito fajuta, segundo eu só tenho uma e terceiro eu não sei falar árabe!!!
- (eu) primeiro o povo daqui nunca viu um árabe na vida deles, garanto que sua fantasia vagabunda vai engana-los bem, segundo a gente inventa que você quer se misturar ao povo e por isso você vai usar roupas normais e terceiro você não precisa saber falar árabe, apenas de um embromeichom básico.
- (Carlos) ultima pergunta: como a gente vai pagar ele depois????
- (eu) deixa isso comigo...
Daí fomos ate a pousada depois de um tempo, com a maior cara-de-pau do mundo, o Carlos estava de árabe (com aquela fantasia muito tosca) e eu de tradutor (eu também tive que me disfarçar, peguei minhas melhores roupas e as coloquei). Para nossa surpresa, ao chegamos na pousada gerente da pousada e o dono nos receberam como reis, só faltou colocar um tapete vermelho para que pudéssemos passar. Daí eu disse para ele:
- (eu) o senhor Bali quer ir logo aos seus aposentos, para que ele possa trocar de roupas e descansar da viagem!!!
Daí ele mandou um dos funcionários dele nos levamos ate o quarto, daí trocamos de roupa e vestimos umas roupas mais confortáveis e fomos dar uma volta pela cidade.
- (Carlos) João para que você quer dar uma volta na cidade???? Se alguém nos descobrir nos vamos estar ferrados nas mãos do dono do hotel!!!
- (eu) calma!!! Agora vamos procurar aqueles dois coroinhas que nos assaltaram e pegar nosso dinheiro de volta!!! Se surgirem outros problemas, a gente da um jeito.
- (Carlos) e você sabe onde encontra-los?
- (eu) não, mas conssertesa não vai ser difícil, se eles não estiverem dando sopa pela cidade, concerteza eles uma hora ou outra eles vão ter que aparecer na igreja.
Mas não deu outra, depois da caminhada encontramos os dois coroinhas de araque andando de bicicleta, daí eu e Carlos seguimos eles pela cidade toda, sem perder eles de vista por nenhum momento, daí foram quase duas horas andando escondido atrás dos dois. Depois de quase andar pela cidade toda eles foram para um cemitério que ficava atrás da igreja “o que será que os dois coroinhas de araque vão fazer no cemitério???(eu me perguntava)”, no cemitério eles foram ate um tumulo abandonado, eles o abriram e colocaram algumas coisas dentro e foram embora. Como eu e Carlos éramos (e ainda somos) muito curiosos fomos ate o tumulo e o abrimos, dentro do tumulo tinha um caixão aberto com uns ossos de uma mulher (ela se chamava Cleonilde, pelo menos era o que estava escrito na lapide), em cima dos ossos tinha uma caixa relativamente grande, a pegamos e abrimos para ver o que havia dentro, para nossa surpresa a caixa estava abarrotada de dinheiro e também tinha as duas 38 que eles usaram para nos assaltar...
- (eu) rapas, agente ta podre de rico!!!!
- (Carlos) como podre de rico?
- (eu) ué!!! Vamos pegar todo o dinheiro dos dois e vamos embora!!!!
- (Carlos) e deixar a vergonha que eles nos fizeram passar de graça???? Deixar os dois continuarem assaltando??? Não nos vamos dar uma revanche neles, eu quero vingança!!!
- (eu) como?
- (Carlos) olha, eu to morrendo de fome! Vamos devolver essa caixa no tumulo de volta, afinal eu acho que eles não vão tirar ela daí tão cedo, daí nos voltamos para pousada para comer e descansar e amanha, eu te conto oque eu tenho planejado em minha cabeça!!!
Voltamos para a pousada onde fomos recebidos a pão-de-ló (engraçado se fossemos dois pobres conssertesa não seriamos tratados dessa maneira), o gerente me perguntou por que o Bali não estava vestido com uma bata como aquela que ele tinha chegado e eu respondi que ele queria se misturar o melhor possível com as pessoas da cidade, para que ele possa avaliar melhor as condições de investir nessa cidade (o pior de tudo, foi que eles caíram nessa conversa).
Jantamos muito bem e fomos dormir, no outro acordamos bem cedo e íamos saindo quando o gerente nos abortou:
- (gerente) bom dia seu Bali, como passou a noite?
Daí eu fingi traduzir (na verdade soltei um embromeichom básico) e o Carlos respondeu:
- (Carlos) “rabidudai maconvequis budai balaqui tuveque notere sefere!!!!!”
- (gerente) hã???? O que ele disse????
- (eu) ele disse que dormiu muito bem, obrigado!!!
Por sorte o gerente engoliu e nos deixou ir atrás de uns certos coroinhas. Fui seguindo o Carlos (afinal eu não sabia o que ele tava planejando), primeira parada foi numa loja de armas( ate hoje eu me pergunto: “para que uma loja de armas num lugar remoto daqueles??????????” Talvez sirva para os coroinhas se armarem para assaltarem as pessoas!!! Quem sabe neh?), onde ele comprou balas de festim, depois ele foi ate uma loja que tinha todo o tipo de bagulho que você possa imaginar, desde brinquedo ate roupas e panelas, nessa loja ele comprou maquiagem de palhaço, tinta guache e luvas. Daí ele foi direto para o cemitério e explicou o plano para mim:
- (Carlos) seguinte nos vamos substituir as balas do 38 por essas de festim, depois nos vamos tirar os ossos daí de dentro e vamos jogar em alguma parte escondida desse cemitério, daí a gente vai deixar a caixa e os revolveres dentro do tumulo, daí você vai colocar a roupa daquela defunta e vai dar um susto naqueles coroinhas!!!!
- (eu) o que??? Eu????? Colocar a roupa dessa mulher que ta a anos morta e se decomponto!!!!! A roupa deve estar fedendo!!!! Isso é algo muito nojento!!!! E se eu pegar uma doença??? Porque você não coloca a roupa e assusta os dois????
- (Carlos) primeiro você é melhor ator, segundo fui eu que tive a idéia!!!!
Vendo que não iria ter acordo aceitei a idéia e ajudei ele a pegar os “coroinhas do capetata”, a primeira coisa que fizemos foi tirar a caixa de dinheiro e as duas armas de dentro do tumulo, depois pegamos a Lurdinha e a Craudinha e subistituimos as balas verdadeira delas por balas de festim (para quem não sabe balas de festim são balas falsas que só fazem barulho), depois pegamos os ossos da mulher e os jogamos atrás do cemitério, depois o Carlos pegou o vestido que ela estava usando e veio ate mim e o colocou em mim, passou um monte de maquiagem na minha cara, passou guache nos meus braços, e pegou um monte de mato seco e marrou em meus braços, pernas e na cabeça, na verdade eu não parecia um fantasma e sim com um espantalho que tinha acabado de sair de secadora de roupa, mas como o Carlos mesmo disse “ na hora do aperto ninguém repara em detalhes” e como “ gente do norte é muito supersticiosa” e também que “na hora do medo o homem sempre fica burro”, eu e Carlos ate acreditávamos que aquilo iria dar certo (afinal se não fosse a gente, quem iria acreditar que uma porcaria de uma armação mal montada dessas, iria dar certo???) depois de tudo pronto pegamos a caixa e as duas armas e devolvemos para os lugares delas. E ficamos esperando os dois, dai veio a noite e nada dos garçonszinhos-de-padre (como minha avo costumava chamar os coroinhas) aparecerem, quando deu onze e meia os dois apareceram. Continuamos escondidos de trás de um dos túmulos esperando a hora certa de aparecer, daí os dois falsos coroinhas atravessaram o cemitério para chegar ate o tumulo que eles usavam como depósitos, daí eles abriram o tumulo da Cleonilde e perceberam que os ossos dela não estavam mais lá:
- ueh!!!! Cadê os ossos da veia?????
- Não sei! Acho que alguém tirou eles daqui!!!
- Mas se alguém mexeu aqui, como ele não levou o nosso dinheiro e as nossas armas???
Ambos ficaram meio assustados e logo pegaram a Lurdinha e a Craudinha e as enfiaram no cinto da calça deles, daí o Carlos olhou para mim e disse “VAI!!”, entendido o recado eu sai de trás do muro e fui ate os dois coroinhas. Quando os dois me viram eles ficaram brancos e começaram a tremer, mas mais assustados ainda eles ficaram depois que eu disse: “ sou a Cleonilde e vim mandar vocês dois pararem de me incomodar”, daí eles começaram a dar uns passos para trás de vagar, percebi que eles estavam se cagando de medo e continuei a falar: “seus coroinhas de araque, vocês acham que Deus não vê ambos se fazendo de santos na igreja e depois que a missa acaba, ambos saem para fazer safadezas???? Escute minhas palavras, o capeta já reservou duas vagas no inferno para vocês dois, e foi ele mesmo o CAPETA que me mandou aqui para buscar vocês dois para ocupar os seus lugares nos quintos dos infernos!!!”. Na hora os dois se cagaram de medo, ambos tremiam mais que bambu na ventania, mas como ultimo gesto de coragem um deles tirou a arma da cintura e deu dois tiros e nada aconteceu, daí eu disse: “vocês acham que tal armas inúteis vão me fazer algum arranhão??? Claro que não!!!! Vocês podem descarregar todas as suas balas em cima da mim que nada vai acontecer comigo”, no mesmo momento os dois começaram a disparar suas armas loucamente, um tiro após o outro e depois que as balas deles acabaram eu ergui os braços e disse “viu nenhum arranhão, hahahahaahahaaa”(apesar de não parecer eu estava com mais medo que os dois, vai saber se o Carlos trocou todas as balas mesmo, vai que ele esqueceu de uma). Os dois medrosos depois de ver que os tiros não tinham me arranhado, largaram as armas e saíram correndo em disparada pelo cemitério, daí eu e Carlos pegamos as armas e as jogamos num rio que ficava ali perto e o dinheiro, bem pegamos para nos.
Chegamos no hotel já era passado de duas da manha, o gerente nos recebeu atordoado:
- onde vocês estavam? Todos aqui estavam muito preocupados!!!!
Daí eu fingi fazer uma tradução para o Carlos e ele respondeu:
- (Carlos)arabaquixi alamuni zarafi Ala rodesfi isprit!!!!
- (gerente) oque ele disse?
- (eu) ele disse que estava rezando para Ala sob a luz da lua!!!
- (gerente) ah sim!!! Esse povo tem um costume muito diferente, não eh?
- (eu) você não sabe quanto!!!
Depois de dar explicação ao gerente, fomos direto para o quarto para contar o dinheiro, por incrível que pareça naquela caixa tinha quase 87mil reais, daí dividimos ao meio o dinheiro e decidimos gastar um pouco naquele hotel para que o gerente e o dono não duvidasse daquela historia nossa. Para falar a verdade nunca passei férias tão boas, comi de tudo e do melhor e fui servido como um rei, mas acabei gastando quase 8 mil reais só de minha parte, mas valeu a pena, afinal quantas pessoas podem dizer que saíram de férias e voltaram com mais dinheiro do que eles haviam guardado para viajar????